PEREIRA, Luísa Alvares. Como abordar…A escrita no 1.º Ciclo do Ensino Básico. Areal Editores, 2005
Este documento analisado por nós, reflecte algumas dimensões do desenvolvimento da escrita no 1.º Ciclo e apresenta dez passos determinantes para este processo:
1) Relação escrita-oralidade: As relações entre estas duas dimensões não podem ser consideradas totalmente dependentes ou separadas uma da outra. A produção escrita, em comparação à produção verbal oral, possui um nível de dificuldade superior, pois o locutor deverá ser capaz de gerir e avaliar o conteúdo a dirigir ao destinatário e ter atenção à linguagem utilizada na transmissão do conteúdo da mensagem. O quadro comunicativo não permite que o locutor saiba se o interlocutor percepcionou a informação que lhe foi dirigida.
A competência redaccional pode ser trabalhada através da oralidade, pois as trocas orais existentes permitem ao aluno percepcionar a organização das frases e assim transformar o diálogo para essa língua escrita.
2) Diversificação dos escritos: É importante a diversificação de textos, por parte dos alunos, para que os mesmos compreendam que a escrita serve também para comunicar, tendo em conta o contexto social e cultural, e ainda serve como uma estratégia de aprendizagem. A elaboração de sínteses, resumos ou textos de assunto concreto permitem que o aluno siga a organização textual, consciencializando-se da maneira como se escreve.
3) Escrita e pensamento: A aprendizagem do processo da escrita exige tempo de maturação e a criação de condições para aquando desta apreensão, pois a partir do momento em que se aprende, este conhecimento servirá para uma situação de aprendizagem posterior neste processo.
4) Escrever é planificar: Quando discursamos precisamos que as nossas ideias se organizem numa sequência, ou seja, precisamos de planifica-las. Assim, produzem-se as ideias (reflexão do conteúdo), organizam-se as mesmas e avaliam-se os objectivos que se quer atingir. Existem 3 parâmetros de organização de ideias para a produção de um texto: o conhecimento acerca do assunto que se vai abordar, as expectativas do público-alvo e a estrutura na qual se vai produzir o texto.
5) Socialização dos escritos: A produção de textos no 1.º Ciclo deve ser integrada numa perspectiva de socialização (‘agir comunicacional’), permitindo ao professor determinar a finalidade do texto.
A motivação para a criação de textos surge aquando da criação de oportunidades de escrita que façam sentido para os alunos, permitindo-lhes a descoberta da importância da escrita no decorrer da sua vida.
6) Escrever é rever o texto: Quando se pede aos alunos a produção de textos é importante delinear os momentos em que a escrita é avaliada e os momentos em que a escrita surge apenas, como objecto de estudo e trabalho. Quando nos centramos no processo de aprendizagem da escrita devem ser dedicados momentos à programação e organização do texto e à posterior revisão dos textos dos alunos. Esta revisão pode ser elaborada com recurso a alguns instrumentos como fichas de orientação e listas de verificação, de modo a permitir aos alunos perceber aquando da visualização de textos, e assim perceber os ganhos da sua reformulação.
7) Aprende-se a escrever escrevendo: Na aprendizagem da escrita é essencial organizar os alunos para a realização de exercícios que se relacionem com operações linguísticas. Assim, conseguem apreender qual a representação do que é a coerência textual e o que precisam, ou não, retirar ou acrescentar a um texto para que esta coerência se mantenha. Pode-se concluir que a leitura de textos bem construídos e a sua posterior reflexão são um bom processo para a continuação da aprendizagem da escrita.
8) Interacção leitura-escrita: A leitura da maioria de textos pode servir de instrumento para a aprendizagem da escrita, aquando de certas condições estruturais, e ainda podem servir para enriquecer a cultura do aluno, fornecendo elementos importantes que o ajudem, de uma forma mais autónoma, na elaboração de textos de diversos assuntos.
9) Imagem do sujeito escrevente: Para que um aluno se sinta motivado para escrever e para que se possa assumir como autor de um texto é importante o papel da escola enquanto proporcionadora de espaços de interacção e motivos para a escrita, onde aí o sujeito se releva autor dos seus textos e ainda fazer com que o tempo de leitura e escrita, por parte do aluno, seja aproveitado como tempo de aprendizagem da competência de leitura e de escrita.
10) Complexidade da tarefa de escrita: A aprendizagem da escrita é complexa e difícil, por isso, é preciso que o aluno crie uma relação de confiança na sua própria capacidade para produzir textos coerentes e que tome consciência de que o processo do conhecimento escrito permanece com uma vasta variedade de textos.
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